MARIA DE FÁTIMA
- Vitoria Sampaio
- 3 de out. de 2017
- 3 min de leitura

Na pequena e pacata cidade de Poá, município que cresceu nas redondezas da linha férrea e pela popularidade do Padre Eustáquio, em 1976, nascia Maria de Fátima, num berço amoroso e religioso.
Com uma infância marcada por momentos ternos, Fátima tinha uma família religiosa e fervorosa, igualmente as pessoas da vizinhança. Ela era dedicada e disciplinada na escola, adorava tirar ótimas notas e fazia amizade com todos os professores. A passos lentos, acompanhou a construção da primeira igreja da cidade, a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, onde cada tijolo posto era fruto do trabalho manual de pais, mães e filhos do vilarejo.
Sua diversão era participar das missas e quermesses. Apaixonada pela comunidade, criava vínculos afetivos com inúmeras amizades. Os avós do próximo também tornavam seus. Ainda na vila, os pais de Fátima tinham diversas plantações no terreno de casa. Pé de abacate, cana e goiaba! Goiaba era a fruta favorita da vizinhança. Quando estava no ponto, eles faziam doce de goiaba e distribuíam na igreja.
O tempo passava e Fátima deixava de ser uma criança para dar boas-vindas a adolescência. Tudo decorria da melhor forma possível. Família, escola, igreja, uma rotina perfeitamente desejada por ela; quando aconteceu um acidente que mudaria o dia a dia da família para sempre.
Fátima não era filha única, ela tinha um irmão. Ele era inteligente, forte, saudável e também muito amoroso. Mas o destino mudou uma ordem de vida natural e perfeita, como era. Quando o caçula completou 13 anos de idade, sofreu uma queda muito séria enquanto andava de bicicleta. Ele sobreviveu, mas a vida nunca mais seria a mesma. Por causa desse acidente, desenvolveu esquizofrenia, uma doença nova e totalmente desconhecida pela família.
A partir desse acontecimento, Maria de Fátima sentiu que uma vocação nascia na parte mais íntima do seu coração: ajudar o próximo.
Com amizades sadias e que a fortaleciam para um caminho certo, Fátima iniciou a graduação na Universidade Mackenzie. Para estudar, cruzava a cidade de São Paulo de condução para chegar ao seu destino final: ser pedagoga.
Durante a graduação ela se envolveu em diversos projetos, entre eles a Escola da Família na Escola Estadual Benedita Garcia, localizada na extrema periferia de Poá. Ela tinha um objetivo: ensinar.
Ao final do curso, a estudante decidiu dedicar o Trabalho de Conclusão de Curso ao projeto de Alfabetização com Temas Lúdicos, inspiração que veio depois conversar com uma criança que estava muito magoada após ouvir de sua professora que era burra, pois não aprendia o que era ensinado.
Formada, Fátima passou a ministrar aulas em diversas escolas de Poá e região. Agora, casada e mãe, diminuiu um pouco o ritmo para dar conta de todas as obrigações, sem nunca deixar o voluntariado de lado.
Dai em diante, Maria tinha mais duas companhias para embarcar nas aventuras que é o trabalho voluntariado, as suas filhas.
Com um brilho no olhar e vontade de mudar o mundo, Fátima costuma dizer que o voluntariado é uma forma de gratidão a Deus, um estilo de vida com que se identifica e sente bem em ajudar as pessoas, preenchendo as dores com verdades, abraços e fortes emoções. Ela sonha com o dia em que as pessoas não sejam vistas como um valor comercial, mas sim humano.
Em qualquer movimentação para arrecadação de roupas, alimentos, visitas e trabalhos sociais em periferias da cidade de Poá, mutirão para cuidados da saúde e motivação ao ensino, a Maria de Fátima sempre está.
Veja a entrevista na íntegra com a pedagoga e fundadora do projeto Mulheres Belas na Obra, Maria de Fátima:
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